domingo, 5 de dezembro de 2010

Better together


Depois desse meu "recesso" por conta da catapora,que acabou sendo mais longo do que eu gostaria,a pergunta que eu venho me fazendo é : será que estou com saudade da escola? A verdade é que passei dezoito dias em casa e estou há quase um mês sem ver meus amigos,então, é estranho,estranho mesmo,quando me vejo criando diálogos e imaginando o que cada um deles teria dito acerca de determinado assunto e quando me vejo sorrindo sozinha das nossas piadas particulares.

E eu os queria comigo agora,para contar as situações engraçadas que aconteceram comigo quando eu estava doente.Bem,algumas nem tão engraçadas assim.Queria que vissem a minha cara quanto a doutora perguntou: "Ela já está se sentindo sonolenta,trocando as palavras,tendo dificuldade para falar e ouvir?" e eu pensei: olha só o que me espera.

Mas foi quando as bolhas surgiram de verdade,com vontade e sem pena,que eu percebi que não os veria tão rápido e que poucas coisas virariam piada.Estava sem humor,pra tudo.Comer,que nem sempre é algo prazeroso pra mim,se tornou muito difícil.Então,certa manhã,acordei e fui direto ao espelho,ver algum progresso.Mas não vi nada,porque estava tudo preto e eu já sabia,eu ia desmaiar.Mas fui esperta,mesmo que quase inconsciente.Desci as escadas correndo,sem ver nada,com o mundo girando.Bebi água e tomei um iogurte,tudo num gole.Mas aí,num surto de burrice,eu me sentei e por isso quase desmaiei de novo e fui ao hospital.

Não foi um período nada fácil, e pra alguém que como eu é viciada em séries médicas,a preocupação é ainda maior.Varicela,em alguns casos,pode atingir os neurônios.Febre alta pode gerar convulsões.Mas com as ligações dos meus amigos eu relaxava.Ouvir as fofocas que eles contavam me deixavam ainda mais animada pra voltar,eles tornaram as coisas um pouco mais fáceis.

P.S.: mas o período foi produtivo pra minha paciência.Uma garotinha quando me viu,falou : "ECA!".O atendente de uma loja me disse: "eita,catapora rebentou contigo né?".Mamãe tentando me animar quando as bolhas secaram e deixaram milhares de marcas: lalá,eles podem achar que é espinha,tem gente que é cheio de espinha,né? Atendente de outra loja falou: "hm,achei que era um monte de acne".E sabe que eu nem respondi nada a tudo isso? é,eu estava doente.

1.Quando alguém desmaia,você deve deitá-la com a cabeça mais baixa que o resto do corpo,pro oxigênio chegar mais rápido ao cérebro.No meu caso,foi causado por hipoglicemia.
2.Meu aniverário foi triste e estou sem ânimo pra remarcar.
3.Aprendi que se depender de sorte eu tô ferrada.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um retrato dos anos 2000-2010

Tendo em mente que as polêmicas atuais um dia rechearão livros de história,imagino que devo estar a par do que anda acontecendo esses tempos e dos fatos que caracterizam essa geração para responder aos meus herdeiros como era viver nessa época.É decepcionante quando pergunto à minha avó como era viver na Segunda Guerra,o que ela achava de Getúlio e como era o noticiário durante a Guerra Fria e ela simplesmente responde que não se importava com essas coisas,que era muito moça.Pois bem.

No Brasil,político era tido como ladrão e francamente política era uma coisa ultrapassada demais,que levaria horas sendo discutido o desgosto que causava.O meio ambiente "preocupava" a todos,mas nada era feito a respeito dele,nada sério,digo.No mundo,o terrorismo assombrava o ocidente enquanto que no oriente todos os tipos de terror eram cometidos e vivenciados pela população.Conflitos étnicos e religiosos abalavam a paz o tempo inteiro.

Desastres.Desastres ambientais,culturais e musicais.No Brasil,a febre pertubadora dos "coloridos" tomava conta de adolescentes e crianças(não a mim,sempre fui sensata).Chamavam de rock.No mundo,estrelas da Disney brilhavam e conquistavam a cabeça dos mesmos fãs dos coloridos,eram todos da mesma "família".Rap,funk,pop eram top nas rádios.

Liberdade em alta,se soubessem ao menos usá-la... homossexualismo e aborto ainda deixavam de ser polêmicas.O Brasil consegue Copa do Mundo e olimpíadas para sediar e o povo sente o orgulho do país.Culpa da propaganda ufanista e mentirosa que era disseminada à população,acreditava-se em "Brasil,a potência do futuro".Futuro que nunca chega,só pode.

Sociedade de dar pena.Uns tristes,deprimido e frios,outros efusivos,falsos e exibidos.A Terceira Guerra Mundial era espiritual.Entende-se porque todos apegavam-se firmemente aos materiais,eram fãs de coisas tolas e afogavam as mágoas frequentemente em vários copos de bebida.6 bilhões de pessoas,mas grande parte delas se sentia sozinha.

Temiam pelo futuro de suas crianças e por isso esperava-se que alguma organização tomasse alguma medida,que algum tipo de estudo fosse feito,que algum remédio milagroso tivesse sido criado.Mas o mundo percebeu que precisaria de apoio e que pra isso teria que fazer o que devia ter feito há muito tempo: se unir.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Unhappy birthday

É bizarro e estranho demais.Estou com catapora,sendo que já tive anos atrás.Os médicos que me consultaram nunca viram nenhum caso,mas joguei no goggle: "catapora duas vezes",disseram que é raro,mas acontece.Me senti menos uma aberração e vou voltar à rotina que seguia quando tive hepatite A,ano retrasado,na mesma época: dormir,estudar e assistir aos Simpsons.Já chorei por estar doente no dia do meu aniversário e ter que fazer segunda chamada das provas finais,mas o que mais entristece é não ir à estreia de Harry Potter e principalmente perder o aniversário de 15 anos da minha amiga.

Vou desmarcar meu aniversário com meus amigos e remarcar quando estiver melhor e mais bonita,haha.As provas do mês serão aplicadas aqui em casa,como quando eu tive hepatite.Lembro-me que quando a doença foi diagnosticada,eu nem ao menos sabia o que era e meu medo era que fosse hepatite B e eu pensava: "Senhor,acho que estou batendo na porta do céu".

Mas como tudo tem uma razão,eu vim analisando minha vida para achá-la.Suponho que tenha sido as várias vezes que disse que não queria nenhuma festa.Pois bem,meu pedido foi atendido e aqui estou eu,de pijama,comendo comidas saudáveis,rezando para que nenhuma bolha surja no meu rosto,prestes a completar 15 anos e comemorar sozinha e me arrependendo de não ter usado,com cuidado,as palavras e por não ter respeitado a dimensão de seus poderes.

P.S.: dia 15 de novembro,segunda,feriado,cantem,por favor,parabéns para mim telepaticamente.Ficarei feliz em saber que alguém pensa em mim,sem ter que fiscalizar o relógio,esperando que as horas e os minutos estejam iguais.

sábado, 16 de outubro de 2010

Viagens e lições

Ainda lembro bem a ansiedade de todos no aeroporto,era de madrugada e até mesmo o comissário de bordo levou sermão.Troca de assentos e antes da decolagem,contagem regressiva.Parecíamos crianças,e ficar sentados,parados,era coisa mais difícil de se fazer naquele momento,naquela inquietação mental."Chega logo",martelava nas nossas cabeças.Não precisava de pressa,ainda tínhamos muito,muito tempo até o nosso destino.

No city tour,fiquei sabendo que que Campos do Jordão é cidade mais elevada do país,que era muito procurada para a cura da tuberculose e que as casas,nos bairros nobres,têm nomes.Mais umas horinhas no ônibus,chegamos ao tão esperado local.Problemas com os quartos.Conclui que certos empecilhos na vida são superados à base de calma,e claro,persistência.

E quem diria,um axé me marcaria.Ainda nessa viagem,é engraçado,eu estava organizada.Incrível como temos que viajar para nos descobrir um pouco mais.Vão desculpando as orações na ordem inversa e a grande quantidade de vírgulas,é que as aulas de ortografia estão fazendo efeito.

Resolvi confessar,nessa minha viagem fiz coisas idiotas.Imitei montanhas russas,fiquei completamente suja de lama,fiz umas dancinhas bobas,tudo conforme o monitor do acampamento ensinava.Tive certeza de que em certos momentos da vida devo fazer o que não farei nunca mais.

Não me chamaria de insensível,mas os outros eram um tanto manteigas derretidas.Na despedida,abracei tanta gente de olhinhos vermelhos.Talvez minhas glândulas lacrimais tenham problemas,ou os outros percebiam o que o sono não me deixava ver: que aquilo tudo jamais voltaria.Tinha lareira,frio,gente chorando e a realidade esmagadora,eu devia chorar.

Lágrimas enxutas e como diria um dos garotos mais malucos que conheci,viraríamos biscoito no aeroporto,novamente.Olha só quem estava lá,em pleno domingo de eleições,Tiririca,o candidato dos milhões de votos.A política se tornou uma piada ainda mais engraçada,pensei.Encontrei também o Lars Grael,que só eu reconheci quando ele passou de muletas e à princípio,achei que era o irmão dele,Torben.Estava lá também a Mel Lisboa,que só eu reconheci,afinal,não é tão famosa,mas uma simpatia.

Um americano,vindo de Dallas-Texas,puxou conversa.Pelo o que disse,parecia muito sábio.Tinha um nome complicado,diferentemente de Bob,Tom,James.Deu uns conselhos,disse que,na minha tradução mediana,o pior erro para se cometer na vida é se casar com uma pessoa estúpida.Ele era divorciado,então sabe bem o que fala.Disse também que quando se é inteligente,não se teme nada.Na nossa idade ele não enxergava,mas isso não o impediu de conquistar seu desejo.Ele é advogado,mesmo tendo dislexia.

Dessa viagem só restou saudade,lembranças e aprendizagem.É difícil me concentrar nas provas sempre que as cenas dos momentos invadem a minha cabeça.As festas,as pessoas,as conversas,os momentos é tudo que eu vou levar.

Acampamento NR-Nosso Recanto,Sapucaí Mirim-MG 29/09 - 03/10 ♥

domingo, 26 de setembro de 2010

A garota brasileira

Depois de um cansativo dia na escola,ouvindo sermões e reclamações que nem sequer merecia ouvir,ela volta pra casa acompanhada,é claro,pois é perigoso.Na rua,carros de campanha política ,vendedores ambulantes e muito lixo.Suspira e enxuga mais uma gota de suor que cai no rosto.Sol escaldante,pra variar.

No sábado,saída com as amigas."Cinema mais uma vez?",é o jeito.Fila lotada,ingressos esgotados.Se não tem filme,tem conversa.Bandinhas novas,filmes de vampiro,quem ficou quem,ou algo do tipo,é sempre assim.No domingo,praia.O pai toma um chopp e ela vê o mar.Banhar nem pensar,a maré está imprópria pra banho,culpa do esgoto que cai no mar,dos prédios mais próximos.

Segunda tem aula,se põe logo a responder as tarefas.Quanta besteira,não precisa de metade do que aprende.Decoreba e assuntos que nem seus pais lembram mais,sistema ultrapassado,pensa.Na programação de domingo à noite,mulheres de biquini rebolando e ganhando bem.Por que ela ainda tem que acordar 6 da manhã e aguentar professores que evidentemente não querem estar ali? Rebolar é mais fácil,conclui.

Ela é apaixonada por romances,mas estes não se assemelham nem um pouco a sua vida.Os garotos não jogam uma pedrinha em sua janela tarde da noite enquanto seu pai dorme,não tem bailes,vestidos longos e smokings,ao invés disso tem festinhas de aniversário,beijo é a coisa mais banal e os garotos já perdem o senso antes mesmo do seu pai dormir.

A garota brasileira,longe de ser só "cheia de graça",sabe que os problemas do seu país estão diretamente ligados a ela e que eles afetam até mesmo seus desejos mais pessoais.Ela desconfia de franelinhas e se sente insegura com as pessoas que pedem trocados no trânsito.Sabe também que a mulher de biquini na TV faz sucesso porque a população não é muito bem educada e por isso aplaude a coisa mais boba que vê.A sujeira na rua,que fere a linda paisagem natural de seu país,é o resultado da falta de leis.A bebida,o beijo e coisas que vão além destes mostra que os adolescentes brasileiros aprendem as coisas experimentando,ao invés de conhecendo.E ela sabe,mais do que qualquer outra coisa,que não só estes,mas grande parte do problemas que enfrenta ou enfrentará,é culpa da política mais descarada e poderosa do mundo,aquela que ao mesmo tempo que destrói a vida de sua população,ganha o voto desta mesma nas próximas eleições.

sábado, 14 de agosto de 2010

Charlie Brown e o tal amor


De todas as criações de Charles M. Schulz, nenhuma foi tão marcante quanto a garotinha ruiva, símbolo-mor de todos os amores idílicos e nunca concretizados. Pobre Charlie Brown. Todos nós sentimos compaixão por ele, porque ele simboliza todas as nossas frustrações, inseguranças e fracassos na vida. O que dizer de alguém que não recebeu um cartão sequer no Dia dos Namorados, jamais conseguiu fazer voar uma pipa porque todas enganchavam em alguma árvore, nunca ganhou um jogo de beisebol e, principalmente, jamais teve coragem para falar com a garotinha ruiva e confessar o seu amor? E todos nós já tivemos um momento Charlie Brown em algum instante de nossas vidas. Porque a garotinha ruiva nada mais é do que a metáfora daquele amor idílico que perseguimos na juventude: aquele amor que jamais terá rugas ou saldo negativo no banco, que nunca pendurará calcinhas no chuveiro ou esquecerá de levantar a tampa do vaso sanitário, e que permanecerá para sempre imaculado e perfeito em nossos sonhos platônicos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sempre esperando


É indiscutível para mim que a satisfação é inalcansável.Todos dizem que não existe perfeição,como satisfação e perfeição têm praticamente o mesmo valor,ambas são inatingíveis.Então não deveria ser surpresa quando alguém que tem a vida ganha põe tudo a perder.Eu que esperei pelas férias o semestre inteiro estou super cansada e quase morrendo de tédio,não é irônico?

Estamos numa eterna busca,cujo objetivo muda ao passo das nossas conquistas.OK.Existem momentos considerados perfeitos,mas bem que queríamos que durassem mais.Estamos sempre querendo algo e sempre há algo faltando.Estabilidade entendia,mas a instabilidade é insuportável.O que queremos afinal?

Me sinto à espera de alguma coisa.Não faço isso antes que aquilo aconteça.Só me sentirei completa depois disto.Simplesmente complicado.Talvez nada vá completar nossa outra metade,talvez as coisas só nos completam um terço,um quarto.Não importa,haverá sempre um espaço dentro de nós para ser preenchido.

P.S.:Talvez eu me complete depois que eu for à Europa,ao parque do Harry Potter em Orlando,passe umas férias no Hawaii,encontre os meus ídolos e conheça alguém que vive esperando pelas mesmas coisas que eu.

Mente durante as férias,dêm um desconto.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

O que estava faltando?

Talvez seja a desculpa dos intermináveis compromissos ou,até mesmo,a ideia de economizar tempo e se preparar para tantas coisas que nos impossibilita de fazer coisas mais espontâneas,mais gentis,mais verdadeiras,mais prazerosas,quero dizer,mais humanas.Mas as férias chegaram,não para todos,e digo que,ao contrário do que muitos especialistas pensam,é a época mais produtiva do ano.É verdade que o cérebro dá uma desacelerada,mas o coração ganha espaço e pulsa mais rápido do que nunca.

Passado um semestre,no qual gastamos a maior parte do tempo obedecendo rotinas,horários,exercendo atividades cansativas e chegando em casa exaustos,as férias vêm como um suspiro de alívio,e finalmente podemos pensar em assuntos importantes,que viviam sendo adiados por falta de tempo,falta de energia,falta de vontade,falta de dinheiro,falta de quase tudo na verdade.

Então,nessas férias(não só nessa),não negue um favor a um amigo,afinal,não custa tempo,não custa nada.Aproveite para fazer algo útil,aprenda.Faça boas leituras,reencontre um velho conhecido,convide e aceite convites.Aprimore o vocabulário e explore sua paciência.Abra a mente,reflita.Torne-se mais educado e sorria verdadeiramente.Faça o que gosta,crie,sinta.Enfim, seja mais humano.

sábado, 22 de maio de 2010

Vamos falar de Deus

Vamos falar de Deus, independente das tradições e normas da igreja,sem levar em conta as diferenças de cada religião e esquecer as descobertas da ciência.Vamos falar de Deus,de um jeito particular,o seu Deus que,embora seja o mesmo que o de tantos outros,é único para você.Vamos falar Dele,Aquele que mesmo você esquecendo nos seus dias,sabe que Ele sempre está do seu lado e que você O deve um mínimo de gratidão.

Vamos falar de Deus e deixar de lado nossa própria super valorização.Vamos descer do degrau mais alto e lembrar que há alguém maior do que nós.Vamos falar de Deus,de forma verdadeira,podendo mostrar nossa tamanha adoração.Vamos exagerar no agradecimento e enfatizar nossa admiração,afinal,é de Deus que nós vamos falar.

Vamos falar de Deus e esquecer nossas posses,nossas rixas,nossas exigências.Fingiremos que somos só nós e Ele.Vamos falar por horas,repondo as conversas que não tivemos com Ele durante algumas noites.Vamos voltar a ser o que somos e não nos fiscalizar em tudo que dizemos.Vamos transmitir o que sentimos por ele porque assim nossa fé contagia.Vamos falar de Deus e deixar outros assuntos,deveres e bobagens de lado.

Vamos falar de Deus,porque quando se trata da Sua palavra,todas as outras línguas são compreendidas,todas as religiões possuem algo em comum,todas as raças e culturas conseguem ser respeitadas.Vamos falar de Deus e finalmente perceber que só a Sua palavra soluciona os conflitos mundiais e que só assim podemos encontrar a grande busca da sociedade: A igualdade.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Felicidade,quanto custa?

Quando falamos de felicidade é quase imediato lembrar do ditado:Dinheiro não traz felicidade.Mas com toda essa correria,com toda essa dedicação e esforço que o mundo inteiro faz voltado ao dinheiro,como nós,seres modernos,ainda conseguimos acreditar que o dinheiro realmente não traz felicidade e que ela não se compra em nenhum lugar?

Relacionamos a felicidade ao dinheiro porque o que vemos é que quanto mais dinheiro,mais feliz você parece ser.As celebridades fortificam essa ideia,tentando mostrar o quanto suas vidas são boas e nos levam a achar que ser feliz é ser perfeito.

Convivemos com dois paradoxos enormes: De um lado músicas,poesias e contos que dizem que devemos buscar a nossa própria felicidade,e que esta vem,muitas vezes,através das coisas mais simples que temos.Do outro a sociedade e toda aquela história de concorrência,o crescimento do mercado e o quanto devemos estar qualificados para fazer parte dele.Nos damos o máximo para sermos os melhores profissionais,melhores em tudo e devemos sempre estar avançado e subindo na vida.E então o que antes era a busca pra se ter uma vida e uma família feliz,torna-se realização pessoal e a necessidade de se ter mais dinheiro.Mas continuamos afirmando que o que queremos é ser feliz,apesar de tudo que já conseguimos.

Mesmo com todos os motivos para desistir de tentar ser feliz,permanecemos em busca da felicidade e cremos firmemente nela,porque sabemos que é só isso que nós realmente precisamos e que sempre temos que acreditar em algo maior do que nós.

"Porque alguém vai me julgar
Se nessa vida eu só insisto
Em ser feliz,me apaixonar
E envelhecer com os meus amigos."
Scracho - faça valer

terça-feira, 20 de abril de 2010

Crescer

Ainda com a lembrança permanente daquele que foi o meu primeiro show,que ocorreu neste último sábado,pude perceber com bastante clareza duas coisas: o quanto é difícil ser pai,e que eu,muito provavelmente,vou ser uma mãe bem fresca.Digo isso porque o que vi naquela noite foi o retrato de algo que me parecia exagero de adultos e uma realidade bem distante da minha.

Não vou entrar em detalhes sobre tudo,mas dá pra se imaginar o que ocorreu.Foi horrível ver gente conhecida e da minha idade,catorze anos, fumando e bebendo direto,e não era só o cheiro de cigarro que exalava forte por lá.Fiquei me perguntando como aquelas tantas meninas bêbadas,algumas até mais novas do que eu e que já estavam só de top,iriam entrar em seus carros de volta pra casa.

Eu sei,eu sei,isso deve ser normal pra muita gente.Mas eu,que passo todas as minhas tardes sentada de frente para uma lousa,com os olhos grudados em livros e rindo sempre com meus amigos,que agora vejo que eles até têm juízo,acho isso um absurdo e finalmente reconheci que me manter dentro de casa muitas vezes e resistir aos meus pedidos foi uma boa estratégia dos meus pais.

Já li livros como O clube do filme e Café-da-manhã com Tiffany,em que os adultos que acompanharam o crescimento de suas crianças contam a história,e sempre achei que hora eles são muito desconfiados,hora eles são muito bobos.Fazem caso só para brigar e mostrar autoridade com os jovens ou não demonstram autoridade suficiente quando o assunto é sério.Portanto cabe mais ao jovem se informar sobre o que é certo e o que é errado quando não se tem quem lhe diga.Acho que isso é crescer,aprender sozinho a fazer a melhor escolha.O problema é que pra chegar ao caminho certo,às vezes é preciso pegar muitos atalhos,e nem todo mundo sabe que é melhor seguir reto.

Mas é isso:Não há nada mais difícil que ter um filho.Ou você satisfaz os gostos dele e deixa-o livre nesse mundo cruel,pra experimentar coisas achando que assim ganha independência,ou deixa-o preso em casa,salvo do mundo e revoltado com você.

Então,voltando pra casa com meu irmão mais novo,senti aquela necessidade de protegê-lo,de corrigir os erros dele,de ser bem cuidadosa para evitar futuros problemas,de deixá-lo bem perto de mim e muito longe desse mundo malvado.Tentei não pensar muito no futuro dele,mas não tinha como.Tentarei protegê-lo até daqui a muito anos,dessa juventude dele que pra mim será desconhecida.Mostrarei a ele como se alcançar o caminho reto e assim caminharemos juntos para estrada mais elevada da vida.

P.S.:O show foi ótimo,com exceção de tudo aquilo.A chuva completou o evento.Todos ensopados,esperavam firmemente a entrada da banda,que cantou lindamente e fortaleceu ainda mais o sentimento que eu já sentia por suas músicas.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Adolescentes



De início a preparação,ou melhor,pré-adolescência.Aquela idade em que você quer ser adolescente,mas é na verdade uma criança.Na tentativa de parecer mais velho,você passa a escutar rock,mesmo não entendendo bem o que o vocalista canta.A ideia é se afastar de tudo colorido e alegre,se envergonhar com a presença dos pais,querer ser independente e exagerar no drama,exatamente como os atores de seus programas sem nexo fazem.Atingimos assim a rebeldia parte 1.

Depois dessa fase humilhante que é a pré-adolescência,alcançamos a não mais tão sonhada adolescência.A partir daí são turbilhões de mudanças,fases e dúvidas.

Só queremos achar um grupo e ter uma personalidade marcante,e isso quer dizer muitas vezes que devemos ser radicais na imagem que transmitimos.Nossos ídolos que antigamente eram apenas pessoas que nos alegravam,tornam-se amores platônicos.Então rostos de gente famosa estampam paredes de quarto e capas de caderno.precisamos mostrar ao mundo o que sentimos e o quanto somos fãs.Não vemos graça no mundo real e nos desligamos dele,o que desagrada familiares e desencadeia uma série de discussões em casa.Estamos sempre desligados,no mundo platônico,no nosso mundo,em casa.

Nada nos agrada e todos se intrometem em nossas vidas.Nos sentimos sozinhos e nosso rock,agora mais melancólico,só acentua esse sentimento.Não escutamos ninguém e a melhor estratégia é se afastar de todos.São tantos problemas:Espinhas para espremer,cabelos compridos para cortar,ganhar massa corporal,ter que tirar boas notas e mais um dia de brigas,raiva e desaprovações para aturar.É tudo muito chato e parar para resolver essa situação não é boa escolha.

Finalmente tudo está azul.Graças a um instrumento relaxante que você vem escutando,sua mente desestressa.Problema é só capitalismo,o que vem acontecendo com o meio ambiente e com a sociedade.Não perdemos a calma,muito menos o otimismo.Basta lembrar as notas do violão,as letras do seu reggae favorito e a simplicidade das maravilhas que Deus nos deu,que tudo melhora.Infelizmente a escola quer nos prender demais,mas nós nem ligamos pro que ela diz,afinal,eles não sabem o quão brilhantes somos e não é exatamente isso que os verdadeiros gênios entendem por sabedoria.Por que não nos deixam simplesmente curtir um rock antigo?Menosprezamos a escola,ela nos menospreza e em casa as gritarias aumentam.

Ficamos relaxados e não é mentira.Desde quando você é fã dos anos 70?O que há de bonito em gente sem roupa e cabeluda?Pra onde essa admiração pela filosofia hippie está te levando?Ah,você sabe que não é tão simples assim,não sobreviveria com o socialismo e sabe mais ainda que é fã dos Estados Unidos da América.É,está louco da vida para ir pra lá e mal pode esperar pra fazer intercâmbio.Lá é o lugar de origem da maioria dos seus sonhos,uma cultura que convive indiretamente com você,mas que você já tem um grande conhecimento sobre ela.

Procuramos por anos um lugar onde possamos nos encaixar,mas sabemos que logo logo vamos nos decepcionar e voltar ao nosso ponto de partida.Do que adianta fazermos parte de um grupo onde um padrão é definido,se somos exatamente a mistura e um pouco do que há em padrões distintos?

Somos diferentes e essa é chave.Por mais parecidos que possamos ser um com o outro,sempre temos nossa excentricidade e nossos segredos mais ocultos.Nós,adolescentes,por mais que tentem nos compreender,sabemos que somos um caso à parte,a exceção a regra.Adultos tentam nos desvendar de um jeito científico,superficial e generalizado,totalmente contrário a o que somos:profundos e únicos.

Por mais que sejam só fases da vida,todas as ideias que já adotamos permanecerão vivas e continuaremos defendendo-as,mesmo que secretamente.Quando envelhecer,estiver trabalhando ou ser uma pessoa séria,sempre lembrarei como a adolescência foi importante e não foi só mais um momento ruim que deve ser apagado.Terei certeza de que o amor que sentia pelas minhas bandas favoritas era de verdade,que os meus ídolos e a filosofia hippie eram realmente dignos de admiração,continuarei acreditando que o sonho não acabou,e perceberei que apesar da pouca idade,já tives grandes ideias por conta da minha inocência,intensidade e um pensamento sonhador,coisas que com o tempo vão se perdendo.

Por sorte temos duas coisas que sempre vão nos acolher,por mais errados e esquisitos que sejamos:nossa casa e aquele rock de sempre.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Qualidade de pensamento


Dentre tantos debates sobre a programação da TV,tantos pontos de vista,dos mais críticos aos mais a favor,de toda uma análise minuciosa do que está sendo transmitido na televisão,o que fica mais difícil de evitar é a nossa indecisão:Será que o conteúdo é tão ruim assim?Ou,o que isso tem de demais?

Acho que a programação não é completamente boa,mas ela se encaixa exatamente no que a maioria deseja ver na sua tela.O conteúdo da programação não é nada complexo ou difícil para o nosso entendimento.Ele é simples e fácil para nossa mente cansada após um dia de trabalho,não exige nenhum esforço para o momento de descanso do corpo e para um cérebro relaxado.O que o público quer ver é o "sal" que falta no seu dia-a-dia e a realização de seus desejos mais ocultos,afim de que se tornem banalizados.

A programação deve mudar,para não deixar o drama de suas ficções tomar conta das nossas rotinas,para não acharmos que um erro grave que cometemos não é tão grave quando é retratado em mais uma novela de sucesso,para que nossas mentes não regressem.

Mas não adianta só falar contra a TV,o que vai mudar o conteúdo transmitido é o nosso senso crítico e questionador,que deve estar mais aguçado para julgar o que está sendo mostrado.Porque,como já disse,a programação se encaixa na vontade de quem assiste;e outra,não está satisfeito com a programação?Sabe como é,existe sempre aquele botãozinho no controle remoto que muitas vezes merece ser apertado.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Despedidas

Eu sei,eu também odeio esse tema,mas por mais que recusemos,não dá pra deixar de pensar nisso.É como imaginar o futuro,sonhar com todas suas conquistas e tentar adivinhar quem estará lá pra se sentir orgulhoso de você.Passar por uma fase difícil,recusar conselhos,fantasiar com tempos melhores e refletir no que irá embora junto com toda aquela tristeza.Nessa sequência de despedidas que é a vida,acabamos nos adaptando às idas,sofrendo por saudades e prevendo novas despedidas que estão por vir das coisas que acabamos de começar.

Sobreviventes desse processo de idas e vindas,me impressiono com a naturalidade que nos adequamos a esses términos.Passamos a ter gostos diferentes,comportamentos que antigamente nos eram estranhos e sensação de nostalgia quando nos damos conta de que muita coisa se foi,coisas comuns e frequentes,que hoje em dia sentimos um enorme prazer só por um mínimo sinal da presença delas.

Sinto falta de coisas bobas,até mesmo dos doces que eu não podia comprar na quitanda do velho perto da minha casa (já que eu só tinha moeda de dez centavos) e da quitanda também,acho que lugares com esse nome nem existem mais.Sinto falta de ler o Livro das virtudes,contos como O soldadinho de chumbo (como eu adorava esse livro),de assistir Bananas de pijamas,O laboratório de dexter,Johnny Bravo,A vaca e o frango e acordar cedo todos os domingos pra passar o dia com a programação do cartoon network.E como não sentir saudades das músicas de Claudinho e Buchecha,dos filmes antigos da Xuxa(pois é),de ouvir molejo(vou varrendo,vou varrendo ♪),dos lanches das tardes,de cair de bicicleta,e claro,de ser idiota,de um jeito benigno,e não ter que se importar com isso.

Confesso que usar sempre cor-de-rosa não me traz boas lembranças,mas me sinto bem em recordar todas as brincadeiras ridículas que eu gostava tanto.Eu me inclinava demais na amarelinha pra conseguir as casas mais altas,minha Barbie fazia coisas indevidas com o Ken,eu tinha medo de pôr a venda quando brincava de cabra-cega e eu sempre pedia juri-juri pra não ser o cola.Outra,eu tinha medo da música da bruxa de chiquititas,minhas primas colocavam bem alto pra provocar e eu saía da casa,correndo pros braços de vovó.Eu era uma criança enrolona,folgada e um pouco malvada,mas eu aprendi muita coisa e dei valor a todas as bobagens que já fiz,é por isso que estou aqui,descrevendo as lembranças de uma criança gordinha,que chorava por tudo naquele tempo,mas que agora sente falta desse tudo.

Óbvio que o objetivo das despedidas é esse :Dar valor enquanto dura.Depois que se vai,você poderia ter feito isso,dito aquilo,abraçado de um jeito que não lhe desse saídas,a não ser ficar....mas foi.O consolo é que que tudo que vai,volta (penso eu).E isso vale para aquelas perdas.Acredito numa volta um pouco modificada ou do jeito que estava,num reencontro,quem sabe no céu?Mas de qualquer jeito ou volta ou é substituído e é assim que o processo continua.

P.S.: Quase esqueci do meu amigo Peter,que me deve uma viagem para Terra do Nunca há um tempão.Mas tudo bem,essa viagem ainda é tão bem-vinda agora quanto era antes.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O despertar


"Uma coisa mudou minha vida".Sempre que diziam isso eu costumava virar a boca,soltar algumas ironias,achar a história interessante,mas jamais cheguei a acreditar que esse tipo de acontecimento pudesse ocorrer comigo.Assim,tão repentino,um simples ato,uma decisão boba,um esbarrar de ombros,uma encarada.Aquelas histórias que alimentam programas de auditório e dão origem a filmes como Lula,o filho do Brasil,chegavam até a me emocionar,mas nunca me motivaram,podia acontecer com qualquer um,mas comigo,eu já disse,jamais cheguei a acreditar.

Assisti a peça Garotos,nesse domingo.Juro que antes mesmo de assistir,eu sabia que era boa.Não só pela beleza dos atores,mas o título e a descrição do espetáculo haviam me animado bastante.Eu não ia ao teatro há algum tempo e já tinha esquecido o quanto era bom.Ver os atores ao vivo e a cores,poder encará-los,ter a sensação de que eles estão te olhando e sentir toda magia por meio da interpretação deles é demais.Olhar a história toda fluindo e eles envolvidos como se aquilo realmente os tivesse acontecido é toda mágica que deixamos de ver nas nossas vidas,que permanecem não sendo contadas a ninguém e sem muitos motivos para serem ouvidas.

Era difícil parar de rir no decorrer da peça e o esforço era grande pra absorver todas aquelas palavras,anotar as lições de alguém que já passou por tudo aquilo que eu ainda vou passar.E as músicas tocadas,nunca tinha prestado atenção no quanto eram lindas,quando eram combinadas com a história ganhavam um ar significativo e tocante.

Mesmo que o primeiro parágrafo sugira que eu diga o que mudou a minha vida drasticamente,qual pequena ação aconteceu pra mudar o meu destino,eu vou dizer: minha vida não mudou drasticamente,minha história não seria muito assistida num programa de auditório e ela,de fato, não seria suficiente pra fazer um filme.O que posso afirmar é que a peça me fez acredirar nessas histórias. E sim,elas podem acontecer comigo,por que não?Eu posso estar parada,esbarrando alguém e até mesmo fazendo algo que pareça insignificante,mas toda história boa é surpreendente,então eu decidi acreditar.

Me senti mais feliz depois da peça,digo até que cheguei perto de estar satisfeita com a minha vida e que consegui despertar uma parte de mim que estava dormindo por muito tempo.Quando voltei pra casa,depois de todo sufoco pra tirar foto com os atores,eu estava alegríssima,comentando com as minha primas quem era mais bonito,mais legal,as melhores partes.Conversamos até tarde,levei muitos ensinamentos pra casa e algumas risadas ficaram lá,presas no teatro.Mas foi assim que eu descobri o que havia adormecido em mim por tanto tempo: eu mesma.E aquele sentimento de disposição se apossou de mim,agora estou bem.