terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Um capricho

Isso mesmo,ensaiar a fala,escrever uma cartinha cheia de cafonices para quem ama,cuidar,cuidar do cabelo,do corpo,da aparência toda,do coração.Ser decente,se interessar por alguma coisa,servir alguém e servir para algo,ser realmente bom no que quer que seja.Ser respeitado,ser agradável quando não for necessário ser desagradável.Dizer coisas belas,se esforçar.Quando o capricho ficou assim tão fora de moda ?

Pois insisto.Insisto que tu te dediques.Insisto que tu possas ocupar uma boa parte do teu tempo cuidando de algo.Vai planejar ser alguma coisa,ir para um lugar.Vai criar um novo sonho,arrumar essas tuas relações.Vai pedir desculpa,vai homenagear quem merece.

Arruma o cabelo,põe uma cor na cara,muda essa postura!Aprimora esse vocabulário,vê se ouve uma música que preste e que te faça pensar.Pensa,mas não muito.Te descomplica.Vai ouvir os simples de coração,vai ser mais simples.Mas sede sábio.Sempre.Sei que é difícil,mas pelo menos procura ser.

Vai dizer que ama e faz papel de bobo.Se tem uma coisa que eu acho lindo é isso: caprichar.Mas inventaram que tudo é natural ou deve parecer natural.Que devemos mostrar que tanto faz,que as coisas estão pré determinadas,e que se tu não levas jeito para aquilo,fazer o quê ?

Mas por favor,manda umas flores,dá umas ligações,sede romântico e mostra que te importas.Pelo amor,mostra que te importas,que fazes questão.Te liberta dessas coisas que te causam angústia,que te endurecem o coração.Refaz os sentimentos,corre atrás,reage.E desiste daqueles que não se importam contigo,te livra daquilo que nada de bom te acrescenta.Abandona a amargura e o cansaço.

Sede elegante sem ser esnobe,sede doutor em algo.Certas coisas simplesmente não estão certas do jeito em que estão.Don't you know that only fools are satisfied ? Por isso arruma a vida,aprimora e capricha,para deixá-la no mínimo mais atraente.

Como já disse para as meninas,2011 foi um ano bem chatinho,apesar das viagens maravilhosas,do quanto que eu aprendi,das pessoas que conheci e da festa surpresa inesquecível que eu tive lá na escola.Realmente espero que 2012 o supere.Desejo menos pressa e menos perda de tempo.Desejo progresso nessa minha mentalidade.Desejo menos se ofender facilmente e mais tentar impressionar.Desejo zelar por quem amo e desejo desesperadamente que eu tenha mais paciência .Resumindo,tudo que eu espero pra esse novo ano se está aqui :

Eu vejo um novo começo de era
De gente fina, elegante e sincera
Com habilidade pra dizer mais sim do que não

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Professores

O que torna uma aula mais interessante é o momento em que o professor se empolga.Sério.Dá prazer ver o sujeito ofegando de tanta felicidade em ensinar um assunto,e principalmente quando eu percebo que a aula foi preparada.Sei que não fácil ensinar a mesma coisa para um monte de salas durante tantos anos,sei que é cansativo,estressante e desgastante,mas há professores que conseguem transformar essa tarefa em algo menos insuportável - tanto para o aluno,quanto para o próprio professor.

Meu professor de química fica com o prêmio de ter a aula mais interessante de todas.Acho que se alguém da minha sala lesse isso ia querer me matar.A aula não é animada,o professor é o mais distante e imparcial que eu já tive,mas deve-se admitir que ele consegue dar aulas sem aquelas distrações costumeiras,que tiram a atenção de todos e quebra raciocínios importantíssimos.Se fosse possível evitaria até piscar,porque tudo que ele fala é importante.Não há nenhuma relação entre ele e os alunos - terminou o ano e ele não sabe o nome de ninguém da minha turma - mas é sem dúvida a aula mais produtiva de todas,a mais bem preparada e a mais bem ensinada.Dava pra ver o quanto ele ama química,mas tudo transmitido no seu jeito impessoal.

Meu professor de geometria é o mais fofo de todos.Se há uma coisa que eu admiro em alguém é saber conciliar o lado racional e o emocional,e esse meu professor faz isso muito bem.Além de dominar geometria e exatas,ele é cantor e todo envolvido nesse mundo de música clássica.Já fez uns discursos que me tocaram profundamente e a prova mais difícil que eu já fiz na vida - é - E poucos professores conseguem se empolgar tanto quanto ele pra ensinar,ele é um pouco gago e tem uns tiques,é engraçado.Na maior parte do tempo a turma não o respeita,mas eu gosto muito de ver o quanto ele está satisfeito com o trabalho e principalmente ver o prazer que ele tem em dar aulas e o seu esforço em se adaptar à nova escola e fazer tudo certinho.

Minha professora de literatura é outra que me satisfaz quando vejo dando aula.Fica bem claro o quanto ela é apaixonada pelo que ensina e o quanto sabe sobre isso.Erudita,essa é a palavra para descrevê-la,tem o vocabulário mais vasto,antigo e refinado que de qualquer bom escritor de um milhão de séculos atrás.O tipo de pessoa que só trata os alunos por senhor ou senhorita.Tem as melhores anotações e as melhores aulas.Sabe muito.

Meu professor de matemática consegue transformar essa droga de matéria em algo mais tolerável,evoluiu muito os meus cálculos,simplificou principalmente.Adora nos mostrar o quanto ele é ignorante no que diz respeito às artes e aos sentimentos femininos.É divertida a aula dele.Minha professora de gramática me acrescentou muito mais no que diz respeito ao meu lado espiritual,foram preciosas suas orações e seus discursos,mudou muito minha visão.Na área da gramática revisamos basicamente o que vimos na 6ª,7ª e 8ª série,e como eu tive uma professora excelente nesses anos,gramática é apenas um passatempo.

Meu professor de biologia consegue dar uma aula tão interessante quanto a matéria,é a aula em que a turma presta mais atenção.Meu professor de história consegue deixar essa matéria maravilhosa ainda mais encantadora.Minha professora de espanhol é uma peruana engraçadinha,a turma inteira se muda pro fundo da sala no horário dela,mas eu permaneço na minha segunda carteira por respeito apenas.Adoro o sotaque dela,pra ser sincera.

São dezessete matérias,mas não dezessete professores que merecem ser lembrados (que cruel).O de física só consegue dizer que somos casos perdidos,que não estudamos,que vamos reprovar,que somos uns malas e inúteis,resumindo.Nada contra artes,filosofia,geografia,inglês e mais um bilhão de outras matérias.É só que se o professor não acrescentar nada ao que ensina,a aula vai continuar sendo o que ela realmente é: chata.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Os outros

" Always let your conscience be your guide !"

Nomalmente quando usamos o termo "os outros" estamos inseridos num quadro de hipocrisia: " o que os outros vão pensar,falar,fazer.Como os outros se comportam,se vestem,como são".Temos uma noção bem clara do poder desse termo sobre nós ,e eu não duvido muito que este seja um dos maiores inimigos da alma,e claro,da essência,subjetividade.Resolvi citar um trecho de Olhai os lírios do campo,que eu ainda não terminei de ler,mas já me encantei com o livro (Erico Veríssimo tem esse poder),e uma passagem da bíblia,de onde ele provavelmente se inspirou.

"Mas se soubesses o que foi a minha vida.Rapaz pobre,João-ninguém,sempe humilhado,na luta danada pelo dinheiro... Antigamente o meu ídolo,o meu modelo,era o doutor Seixas.eu achava que devia ser grandioso a gente se entregar aos pobres,viver pra eles,não desejar nada além da caridade.- Largou o diploma num gesto dramático,deixando-o rolar escada abaixo.Olívia sorriu sem malícia.-Mas acontece que eu odeio a pobreza,odeio o anonimato.Quero ser alguém,ter um nome,ser repeitado,viver..."

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"E quanto ao vestuário,por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo,como eles crescem;não trabalham nem fiam (...) Pois,se Deus veste assim a erva do campo,que hoje existe e amanhã é lançada ao forno,não vos vestirais muito mais a vós,homens de pouca fé?"

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E é bem verdade que o ser humano necessita,mais do que nunca,de uma experiência autêntica em sua vida.Porque todos querem o maldito carro,a maldita casa,a maldita roupa de marca,que são expressões de nossa insegurança e covardia.Então é pra isso que pelejamos a vida toda,para depois da conquista viver uma vida de amostras,exibições? Eu quero prosperar o suficiente para não precisar de nada disso.Não condeno a ambição - pelo contrário,incompetência e preguiça me aborrecem muito,espero não ser mal interpretada- mas a ambição desmedida,que se vale de todos os meios e para todos os fins (mesmo aqueles mais bobos) é o grande pecado moderno.E é aqui que a consciência entra,enquanto muitos são guiados pelos "outros",outros buscam um caminho mais confiável para seguir.

sábado, 1 de outubro de 2011

Você sente ?


Estou convencida de que por algumas razões como signo,inquietude mental,profundidade,sempre vou sentir mais do que os outros.Sempre me contentei em saber que as pessoas não sentiriam na mesma intensidade que eu,não se importariam do mesmo modo como eu me importo,não dariam valor às coisas na mesma proporção que eu dou e provavelmente esqueceriam algumas palavras que chegaram a me ofender,mas que eu,com toda a certeza e lastimavelmente,as guardaria como forma de aviso,carregaria por um longo tempo essas tristes lembranças.

E quando eu me tornava quase indiferente diante da indiferença dos outros,eis que me abismo com uma reação de extrema frieza,partindo,a razão da minha surpresa,de alguém que eu considerava um ser "sentinte".Tive a infeliz ideia de comentar que meu avô estava "repousando eternamente" e depois de muitos "por que tu vieste para a escola?", "quantos anos ele tinha?" e "qual a causa? eu escuto um "mas tu nem pareces triste! "

Enquanto eu sentia demais e os outros de menos eu implorava para mim mesma para ser normal,para não acordar com grandes expectativas - hoje vai ser só mais um dia - uma das poucas pessoas,além de mim,que parecia ir contra tudo isso,era a diretora da minha escola,sempre que via os alunos,soltava rispidamente: "Vocês estão todos frios e indiferentes".Não sei se é um comportamento forçado adolescente ou forçado e moderno,só sei que nesse fingimento de que tudo é normal e que ninguém sente nada e por nada,houve uma dissolução do que é verdadeiro,e o fingimento se fundiu com a realidade e a maioria,de fato,não sente mais.Não sei também se há solução para isso.

A verdade é que assisti à uma palestra muito interessante,que fora as outras coisas muito sábias ditas pelo palestrante,ele fez uma citação muito bonita e inesquecível para mim,é claro: "não vos
conformeis,mas transformai-vos".E então coloquei na minha cabeça que não,eu não estou errada,não é normal ser indiferente,até porque dificilmente eu conseguiria ser assim.Ao término da palestra me surpreendi ao saber que teve gente que até chorou ouvindo as coisas que haviam sido ditas,se emocionaram - não sei se mais do que eu - mas sentiram.Então,diga-me que você sente,para eu poder acreditar que posso estar errada,eu espero estar errada.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Pra não dizer que eu não falei das flores

Esse é só o primeiro mês de provas e eu já me sinto esgotada,sem paciência para nada,sem tempo para nada e sem interesse por nada.A escola desabou sobre a minha cabeça com toda sua realidade ,e eu sinceramente não consigo parar de me questionar se eu estou mesmo no caminho certo,se,de fato,vale a pena todo esse esforço.A verdade é que com esse "novo sistema de ensino" o que prevalece é dúvida,e enquanto me dedico loucamente a provas que vão contra esse novo ritmo educacional,não consigo parar de pensar em como as coisas já foram mais fáceis.

Quanta falta sinto de aprender física um dia antes da prova,de estudar somente o que me interessava e me aprofundar de verdade naquilo que eu gostava (horas fazendo análises sintáticas minuciosas e devorando meu livro de história já foram um dos meus melhores passatempos), de não me importar tanto com as outras matérias e ainda assim me sair bem em todas elas (tempos bons estes em que eu fazia competição de que mês eu tirava mais dez),de passar a maior parte da semana jogando vôlei e de quando minha maior preocupação era paz mundial,meio ambiente e que conselhos dar às minhas amigas.

É muito difícil me concentrar nos estudos enquanto aquele porta-retrato maravilhoso em formato do castelo da cinderela mostra pra mim que há um vida bem melhor me esperando.Mas,lembre-se,Laís,ou você estuda,ou....você estuda.Acordar,tomar café bem rápido,estudar, ir pra escola,estudar,chegar em casa,fazer tudo rápido pra estudar,DORMIR (hora mais esperada do dia).Minha mais constante pergunta é "por que tamanha judiação?"

Não,Laís,se concentra,presta atenção no gráfico daquela função modular,que interessante ! Controla esse sorriso,esquece aquela época e para de pensar no quanto era bom postar três vezes por semana (que afinal de contas era meu único compromisso),passar a aula inteira de robótica conversando,assuntos interessantes,veja bem,porque ninguém do seu grupo sabia programar um robô direito mesmo... Jurar que se tornaria médica,neurologista,junto com suas amigas cardiologistas e anestesistas que frequentavam feiras de anatomia.

Por que eu já me sinto tão velha com quinze anos de idade ? A não ser pela parte da independência e da carteira de motorista,crescer,ao contrário do que eu pensava,está sendo bem mais difícil que o esperado.Não sei se eu dou conta.Eu só queria uma garantia de que vai ter retorno abrir mão dos poucos momentos em família para me preparar para as provas do próximo mês,eu só queria ter a certeza de que estou no caminho certo.

E então quando eu começo a reclamar incessantemente dessa vida de cão de estudante,paro e lembro que estou sendo um tanto injusta,tento me convencer de que já tive dias bem melhores e divertidos e que,não sei quando,eles retornarão.Assim como sinto um estresse intenso enquanto estudo para matemática (uma vez já rasguei a folha do livro por não acertar uma questão e escrevi: "dai-me paciência"),sentirei uma felicidade ainda mais intensa quando esses dias melhores chegarem.É o meu futuro,que quando eu finalmente conquistá-lo,vou poder descasar em paz.


Minha Terra do Nunca <3

terça-feira, 26 de julho de 2011

O homem e mundo universal

Leio todos os dias essa frase de Maria Montessori pelas rampas da minha escola.É muito bonita e especialmente tocante agora que estou mais cosmopolita do que nunca.Ainda sob efeito de encanto da Disney,decidi que tenho de,desesperadamente,conhecer esse mundo e todos os povos,línguas,danças,costumes,opiniões e almas que o compõe.

Uma vez,durante o show do forfun,o vocalista disse:"acho maior bobeira esse lance de eu sou brasileiro com muito orgulho,com muito amor.Eu sou do mundo inteiro,eu sou de todo o cosmo".Não dei importância na hora,assim como também não esqueci,já que me identificava.Às vezes percorro todos os continentes estudando geografia e percebendo que essas divisões e esse orgulho nos limitam ao nosso bairro nobre,a nossa cidade desenvolvida,a nossa região metropolitana,ao nosso país rico,ao nosso continente com vizinhos parecidos com nós.Por que me restringir a um lugar ou região se tenho um globo inteiro de opções ?

O melhor de viajar é isso: poder experimentar e se deslumbrar com coisas novas.Conhecer do centro ao subúrbio e voltar para casa desejando conhecer ainda mais.O mais engraçado nessa minha viagem foi que a excursão em que eu estava começou a provocar outra excursão de argentinos,aquelas briguinhas manjadas entre argentinos e brasileiros.Brasileiros dizendo que moram num país abençoado por Deus,mas que,na hora de voltar para casa,ninguém quer ir.

Antes de dar essa tão sonhada volta ao mundo,pretendo convencer minha mãe que mereço fazer um intercâmbio de pelo menos um mês.Não queria passar por filha mimada que acha que pode ir pro exterior todas as férias,mas estou me esforçando.Comecei a dar aulas particulares de inglês desde o começo do ano (é certo que ganho pouquíssimo e nem em 20 anos conseguiria pagar meu intercâmbio sozinha) e estou me aprofundando com livros e jornais da língua.

Frequentemente canso desse país,ou acho que precisaria passar um tempinho longe dele,mas perto daqueles que amo.Enquanto todos achavam o Epcot um dos parques mais chatos da Disney,eu ansiava por ele mais que por todos os outros.É conhecido como o parque do futuro e nele tem os pavilhões de vários países.Me maravilhei entrando num globo e vendo toda a evolução da comunicação,passando pela idade da pedra,os antigos gregos,Gutemberg e tendo a melhor aula de história de toda minha vida;dando uma volta pela China,México,sentido os aromas dos perfumes da França e assistindo um incrível show de um cover dos Rolling Stones na Inglaterra.

E o que torna mais importante esse universalismo o homem ainda não aprendeu: o respeito.Na ausência dele o homem vai criando sub raças numa raça única.Sem ele não há tolerância a diferenças e muito menos convivência ou adequação num lugar novo,com gente nova.Se todos encarassem que pertencem ao mundo e a todas as coisas que fazem parte dele,o homem seria do todo e o universo seria de fato universal.

P.S.: a foto é de Maria Montessori,a mesma que olho na rampa da minha escola,mas imaginando estar bem longe dali.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Para sempre jovem


Não costumo concordar quando dizem que o tempo está passando rápido,geralmente agradeço já que estou sempre à espera de algo - viagem nas férias,evento no próximo mês,sair da escola- quanto mais próximo do futuro,melhor.Mas então,os mais velhos me atormentam com suas constatações sobre o envelhecimento e exaltação da juventude (a mocidade só ocorre uma vez,como disse Oscar Wilde).As preocupações dos mais velhos em recuperar um pouco da vida jovem nada convêm com as neuroses que eles mesmos impõem aos jovens.Nunca se estuda suficientemente,o esforço é pouco,a concorrência está sempre à frente e nesse ritmo não se chega a lugar nenhum - e assim se espera que aproveitemos o poder e a beleza da juventude.

Quase não sinto pena de Sócrates quando ele foi acusado de corromper a juventude.Há quem vai se tornar jovem só depois de passar no vestibular,há jovens que se enganam com o prazer da juventude,que não são drogas nem bebidas e há os que estão em busca desse tal prazer,desse privilégio jovial.

Mas como sinto pena destes "jovens" que se ocupam só com o trabalho,que é uma visão errada do famoso "primeiro as obrigações,depois a diversão".A verdade é que não se pode liberar demais - a nova geração é um bom exemplo daquilo que podia não dar certo e acabou dando pessimamente errado - e muito menos pressionar demais.Mas a essência da juventude talvez seja essa,resumida em extremos - ou se valoriza somente o trabalho,ou se glorifica somente os prazeres- equilíbrio para quê?

A minha juventude tem horários,dias e ocasiões.É bem cronometrada,mas o que eu queria mesmo era ser jovem para sempre,não jovem para o resto da vida - porque me agrada o sossego e serenidade dos idosos- mas inteiramente jovem enquanto sou jovem,jovem em todos os momentos da minha juventude.Como me aborrece sonhar com geometria molecular,gastar meus finais de semanas estudando e ainda assim ouvir que eu estou muito "festeira".

Mas ainda bem que existem as férias,para os jovens que,como eu,não foram exatamente jovens durante um semestre de estudos,e para os jovens que foram jovens o tempo em que deviam estar mais amadurecidos se amadurecerem (que maldade).O poder e a beleza da juventude se dão estritamente pela sua efemeridade e espontaneidade - o que se torna ambição de muitos,mas é inalcançável,pois só ocorre uma vez.

domingo, 19 de junho de 2011

Estereótipos estudantis

Já que estou de férias,sinto-me à vontade para falar mal daqueles distintos estudantes que fazem questão de deixar algo que já não é muito bom - aula - numa coisa muito,muito pior.Sim,refiro-me aos alunos que em plena explicação interrompem o raciocínio do professor e de toda a sala para pedir para ir ao banheiro,aqueles alunos que têm dúvida sobre um assunto que o professor tinha explicado dois segundos atrás,os digníssimos que perguntam se a prova está fácil de cinco em cinco minutos e os abomináveis "sabem tudo de nada" que teimam em dizer que o professor está errado.Esses "estereótipos estudantis" são os responsáveis pela bagunça da sala,da desmoralização do professor e,sobretudo,pela improdutividade do que era para ser um longo dia de aprendizado.

Poucas coisas conseguem me deixar tão frustrada como quando o professor está lá,explicando um assunto novo,nós alunos tentando entender tal coisa desconhecida e de repente uma mão levanta,todos ansiosos por uma pergunta muito bem elaborada,que ninguém havia pensado...então eis que surge o famoso "ei,professor,posso ir no banheiro ?"

Tem também os notáveis estudantes que resolvem acordar repentinamente no meio da aula com dúvidas que o professor já tinha esclarecido há tempos.Acontece meio que um insight e eles despertam.Tomate neles.

E a raiz de todos os males,aqueles "espertos" que insistem em diflamar o professor,desafiando-o,dizendo que o professor está errado.São a causa de longas e inúteis discussões.Se esses alunos tivessem um outro motivo que não fosse a zombaria,discutiriam com o professor em particular,ou mudariam o tom da voz,que cá entre nós já denuncia a verdadeira finalidade dessa discussão.

Livre desses alunos,a escola passa a render mais,os professores não perdem a paciência facilmente e o nível das aulas cresce consideravelmente - tendo debates construtivos e coerentes.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Eis o mistério da fé

Olho para o rosto enérgico do padre,que está com a testa franzida,os punhos cerrados,e tenho a impressão de que tem o sangue muito quente.
- Posso te fazer uma pergunta ?
- Por que não? Seja o que for.
- Eu gostaria de saber se a tua fé em Deus e na Igreja é realmente forte e permanente.Não tens dias ou horas de dúvida?
Ele sorri,fica alguns segundos em silêncio e depois responde:
- Sou homem,e portanto cheio de defeitos e fraquezas.Minha carne com muita frequência grita de fome,às vezes com uma força que me estonteia.Claro,muitas vezes tenho as minhas dúvidas.Não faz muito atravessei um período de tão forte crise espiritual que escrevi uma longa carta a um monsenhor que admiro e estimo,contando-lhe tudo.Usei nessa carta confessional a expressão: "Sinto que minha fé está presa por um fio".Sabe o que ele me respondeu? Que se regozijava por saber que a coisa era assim,pois não confiava muito nas chamadas "fés inabaláveis",dessas que julgam poder deslocar montanhas.São demasiadamente teatrais para serem profundas - escreveu o monsenhor."O fio que prende a sua fé deve ser do melhor aço e,portanto,resistente e ao mesmo tempo flexível.Fé sem flexibilidade,fé sem dúvida pode acabar em fanatismo".Terminou a carta assim: "Reze a Deus,peça-lhe para que faça esse fio resplandecer sempre na Sua luz".

Incidente em Antares

sexta-feira, 11 de março de 2011

Walt Disney World

Quando me perguntam que lugares quero conhecer,de cara digo: Itália,Grécia,Inglaterra e toda Europa setentrional,se possível.E sabe aquela história de escolher festa ou viagem aos quinze? Então,claro que nem cogitei festa,debutar não é algo que eu,bem,faria.Me restou a dúvida sobre pra onde viajar.Europa,claro,decisão tomada antes dos treze anos,já que nessa época eu não me sujeitaria a falta de vergonha que é ter que tirar visto.Quem esses demônios americanos pensam que são? Eu acreditava que,uma vez que os Estados Unidos fazem parte do mundo,ninguém poderia determinar quem pode e quem não pode entrar lá.O mundo é do mundo,ora.
Segui com esse pensamento,nada mais bobo e clichê do que ir pra Disney aos quinze.Até que minha irmã voltou de lá,Walt Disney World,e essa história de o mundo ser do mundo perdeu forças.Avaliei bem,mas,sabe como é,seria um outro mundo,o mundo de Disney.Tudo conspirava a favor desse mundo mágico: todos os meus amigos iriam,independência,já que não poderia ir a Europa só (decisão influenciada pelo filme Busca Implacável,que meus pais assistiram) e alguns dólares sobre meu total controle.É lá,sem dúvidas.

É claro que o verão em Orlando é horrível,40 graus todos os dias,mais precisamente,o dia inteiro sob sol escaldante.Tirar visto é uma coisa que realmente me envergonha,como brasileira.O Brasil gastou na Flórida,segundo o que me contaram no consulado americano em Brasília,nada menos que 500 milhões de dólares no ano passado,e ter que viajar até uma cidade com embaixada americana nem é um problema perto das enormes filas que se tem que enfrentar pra garantir sua entrevista.E a entrevista em si não teve perguntas ofensivas,mas saber que alguém saiu da sua cidade em direção Brasília pra tirar o tal visto e ter o visto negado,é muito,mas muito vergonhoso pra quem é brasileiro.

Mas o que importa mesmo é o mês de julho,que eu espero conhecer o tão sonhado (por mim) parque do Harry Potter,comprar lá feijõezinhos de todos os sabores e tudo relacionado ao livro.O Magic Kingdom,o parque Epicot,que reúne um pouco da cultura de alguns países como ITÁLIA,O Universal Studios,O Hollywood Studios,as lojas,Miami beach,os personagens,o castelo da cinderela,o Sea World,o Hard Rock,as montanhas-russas e tudo mais que faz parte desse maravilhoso mundo de Disney,que eu já amo.

sábado, 5 de março de 2011

Vícios e virtudes


Agora é assim: comida processada,música grudenta,facilidades,rapidez,conforme o gosto do cliente.As preferências foram tão bem exploradas que acabaram se tornando dependência.É horrível pensar que até nas mínimas coisas que consumo existe todo um processo para me tornar cada vez mais apegada ao produto,dependente de algo que,se eu parasse para pensar,não preciso.

Filmes abordando sempre a mesma temática,músicas com refrões que "não saem da cabeça", e comida cheia de óleo,gorduras,obedecendo ao paladar comum.Cansa essa coisa repetitiva e igual,mas que se tornam tão presentes que acabamos confundindo com necessidade.

Quem não consegue se livrar de vícios do tipo cigarro e bebida,ao invés de se perguntar se quer aquilo,deveria se perguntar se PRECISA.Não só esses,mas vícios em geral.Eu não preciso tomar refrigerante,se eu posso beber suco.Comer é uma arte e deve haver um equilíbrio tanto na comida,quanto na quantidade.Em relação ao vício da bebida,quem o tem tende a negar que possui um certo "compromisso" de beber e não percebe que a cerveja,por exemplo,se tornou essencial em aniversários de família (muitas vezes importa mais que o aniversariante),na sexta,no sábado,no domingo e em comemorações,lamentações,por qualquer motivo.Estão quase extintos homens de meia idade sem aquela famosa barriga de chopp.Honestamente,quanta bobagem.

O que me frusta ainda mais e que me faz ver que o mundo é tão feio e cheios de casos perdidos,é adolescentes bebendo,fumando e provocando vícios,não diria desnecessários,porque todo vício o é,mas numa burrice tremenda,meio que contagiante.Questiono o que eu como,o que eu vejo,o que escuto e tudo.Todos temos o modo "piloto automático" dentro de nós,o problema é usá-lo todos os dias.Essa minha geração,que é diariamente criticada pela geração passada,é realmente uma decepção,cheia de diversos vícios,mas que adquiriu isso de pessoas que lhe ensinaram a aceitar o que lhe oferecem,uma visão errada do que é aproveitar as oportunidades.De um mundo que cobra o que não dá,que não admite falhas de pessoas sem base.E nesse desapontamento com a vida,caímos no vício de nos viciar cada vez mais e compensar com coisas tolas nossos constantes fracassos.

Sei que devo aproveitar o bom da vida,mas desconfio que esse "bom" não se trata de substâncias muito bem preparadas para me fazer de boba e dependente,de me proporcionar um falso prazer.O bom da vida vai bem além disso e não pode ser comprado em qualquer boteco.O valor dele está muito mais relacionado ao esforço do que ao ato de obtê-lo.E sei que,apesar de conhecer a dimensão do seu poder,eu não PRECISO dele.


"Às vezes faço o que quero,às vezes faço o que tenho que fazer".Charlie Brown Jr.,Vícios e virtudes

P.S.: Mc Donald's: vício da população com maior número de obesos e de alguns estudantes de determinada escola,depois da prova de sábado,às 8 da manhã,ou em dias de aula de basquete,em qualquer horário.Afirmam que sem o cheeseburguer a semana não flui direito.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Calma lá,meninas


Nesse início de ano letivo (que frase mais escola),tratamos em filosofia a questão da concorrência entre as mulheres,sobre esse comportamento constante de se considerarem inimigas e da velha história da antipatia à primeira vista,digo,antipatia não,só não vamos com a cara da outra assim que conhecemos.Não sei a raiz desse mal,mas não dá pra negá-lo,é muito evidente.

Concorremos com a sociedade toda,óbvio,já é uma característica dessa era.Mas a concorrência entre mulheres se trata de uma disputa mais detalhista e mais rígida.Nenhuma parte dela pode ser esquecida e tudo é avaliado nos mais diversos aspectos.Quero dizer,não adianta ser só bem sucedida financeiramente,tem que cuidar do corpo,fazer pilates,musculação,ioga.E claro não adianta só cuidar da parte física,a alimentação tem que ir bem,com todos os nutrientes necessários para deixar a pele mais macia,dar brilho aos cabelos,hidratar os pés.É tudo muito importante e fora tudo isso,ela tem que ser boa mãe,saber cozinhar,saber falar,satisfazer o marido,ser bem vista,responder bem às circunstâncias.... E é quando isso falha,que as rugas vão aparecendo,as aulas de ginásticas começam a despertar grande preguiça e as gorduras são ingeridas ao passo em que ela rói unhas,que a concorrência começa a fazer pressão,e a conversa no salão rola solta.

Mas o cabelo está ressecado,a pele está oleosa e claro,a barriga está "daquele jeito".É bom usar um shampoo rico em queratina,loção adstringente para limpar a pele e fechar os poros e iniciar uma dieta radical sem esperar pela segunda-feira.Essas exigências e tudo que está envolvido nessa competição só mostra o tamanho da insegurança que suas competidoras têm,que é preciso falar mal de sua "adversária" pra se sentir melhor,que quando a sua "rival" vai mal,há menos riscos.Besteria,besteira.

Essa competição é algo que me irrita muito,porque nela a mulher tem que conseguir o feito de agradar aos homens e estar num nível avançado nessa batalha entre mulheres. E é,infelizmente,muito estimulada.Ver todas essas revisas de beleza e perceber os esforços que suas leitoras têm para,pelo menos,ficar parecida com a modelo das fotos me indigna.Modelos têm cabeleireiro,maquiador e são modelos,vivem para aquilo.Acho que o meu dia não deve ser gasto durante horas no salão,a minha alimentação deve ser mais do que ração,a minha vida não deve ser baseada nessa competição que,por dentro,revela quem é mais estúpido.Não vou me descuidar,sei o que é bonito pra mim,vou tentar ficar de bem comigo,mas não só de corpo,mas de alma também(ficou clichê,né?).

P.S.: Aquela doencinha,a maldita da catapora,mexeu mesmo comigo.Cabelo,pele,corpo inteiro.Tentei não chatear mais ninguém falando disso,mas essa doença se relaciona com tudo,beleza então...E nenhuma época poderia ser pior,na minha situação,do que verão.Quis falar sobre os padrões também,porque agora só tem roupa tomara-que-caia,que eu adoro,mas não posso usar.A mulher não mais procura o que lhe serve,mas procura servir pra algo.Assim como Clarice,depois da doença,pensei: ah,como os outros são bonitos!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Histórias,nossas histórias

Passei o fim do ano e o começo do novo ano na cidade de Gramado (RS),conhecendo a região das hortênsias,assistindo aos espetáculos de Natal,me deliciando com a culinária suíça e convivendo com a cultura alemã.Na mais encantadora cidade que já conheci,o que mais me desperta a curiosidade é a vida da população,que histórias seus habitantes têm pra contar,os desafios que enfrentaram ao longo de suas longas vidas e como,como é viver para eles.

E como é difícil acreditar que aquele andar confiante,aquele tom de voz firme e toda aquela determinação já passaram por tantos traumas pra se tornar assim.Que aquela postura autoritária tomou o lugar de uma antiga e constante insegurança.

E os velhinhos,quantas experiências tiveram... imagino a época que eram jovens,seus segredos de juventude e a exigência de suas famílias.Quantos amores tiveram,por quantos empregos passaram e de quantas lembranças tentam se livrar.A pele cheia de sardas anuncia que tomaram mais sol do que deviam,quem sabe nos vinhedos,cultivando flores ou,olha só que louco,navegando.Ah,são tantos detalhes da vida.A ruga que se forma no meio da testa indica que pensaram muito,e ah,idosos sabem tanto! São mais gente do que a gente e têm mais vida do que eu poderia imginar.Tantas,tantas histórias.

E eu acompanhava a rotina do recepcionista do meu hotel.Era jovem e tão profissional.Me questionava sobre as especializações que fez,se morava com a família,se gostava dali,como vivia.São perguntas da vida,sobre vida.E quando sento pra pensar,imagino quantas pessoas já usaram meu assento.Um banco cheio de vida e de histórias,sinto inveja.

Eu,que apesar da minha curta vida,já tive milhares de ídolos,já me apaixonei por tantos heróis da história,já passei por tantos lugares,já aprendi sobre tantos assuntos e já conheci tanta gente,as quais me arrependo de não ter conhecido profundamente,me sinto como um livro,que acaba com a seguinte frase: "aqui jazem histórias." Histórias as quais lamento não poderem ser contadas do modo como foram vividas e que,infelizmente,vão sendo esquecidas e perdendo alguns detalhes,digamos que essenciais.

P.S.: Gramado é maravilhosa,não é Brasil,só digo.Conheci a região dos vinhedos (Bento Gonçalves,Garibaldi e Carlos Barbosa),Nova Petrópolis,Igrejinha e Canela.Tenho um gosto para serra e idosos.Com isso tive a ideia de construir um acampamento para idosos,na serra gaúcha,na cidade perfeita de Gramado,e vai se chamar "Vovó Maia",em homenagem à minha vó.Não roubem minha ideia.Feliz ano novo !


-> E as metas pra 2011? Esse ano eu vou aprender a cozinhar,concorrer à bolsa da escola e,como bem lembrado pela minha amiga,não pegarei catapora pela terceira vez,espero.