terça-feira, 26 de julho de 2011

O homem e mundo universal

Leio todos os dias essa frase de Maria Montessori pelas rampas da minha escola.É muito bonita e especialmente tocante agora que estou mais cosmopolita do que nunca.Ainda sob efeito de encanto da Disney,decidi que tenho de,desesperadamente,conhecer esse mundo e todos os povos,línguas,danças,costumes,opiniões e almas que o compõe.

Uma vez,durante o show do forfun,o vocalista disse:"acho maior bobeira esse lance de eu sou brasileiro com muito orgulho,com muito amor.Eu sou do mundo inteiro,eu sou de todo o cosmo".Não dei importância na hora,assim como também não esqueci,já que me identificava.Às vezes percorro todos os continentes estudando geografia e percebendo que essas divisões e esse orgulho nos limitam ao nosso bairro nobre,a nossa cidade desenvolvida,a nossa região metropolitana,ao nosso país rico,ao nosso continente com vizinhos parecidos com nós.Por que me restringir a um lugar ou região se tenho um globo inteiro de opções ?

O melhor de viajar é isso: poder experimentar e se deslumbrar com coisas novas.Conhecer do centro ao subúrbio e voltar para casa desejando conhecer ainda mais.O mais engraçado nessa minha viagem foi que a excursão em que eu estava começou a provocar outra excursão de argentinos,aquelas briguinhas manjadas entre argentinos e brasileiros.Brasileiros dizendo que moram num país abençoado por Deus,mas que,na hora de voltar para casa,ninguém quer ir.

Antes de dar essa tão sonhada volta ao mundo,pretendo convencer minha mãe que mereço fazer um intercâmbio de pelo menos um mês.Não queria passar por filha mimada que acha que pode ir pro exterior todas as férias,mas estou me esforçando.Comecei a dar aulas particulares de inglês desde o começo do ano (é certo que ganho pouquíssimo e nem em 20 anos conseguiria pagar meu intercâmbio sozinha) e estou me aprofundando com livros e jornais da língua.

Frequentemente canso desse país,ou acho que precisaria passar um tempinho longe dele,mas perto daqueles que amo.Enquanto todos achavam o Epcot um dos parques mais chatos da Disney,eu ansiava por ele mais que por todos os outros.É conhecido como o parque do futuro e nele tem os pavilhões de vários países.Me maravilhei entrando num globo e vendo toda a evolução da comunicação,passando pela idade da pedra,os antigos gregos,Gutemberg e tendo a melhor aula de história de toda minha vida;dando uma volta pela China,México,sentido os aromas dos perfumes da França e assistindo um incrível show de um cover dos Rolling Stones na Inglaterra.

E o que torna mais importante esse universalismo o homem ainda não aprendeu: o respeito.Na ausência dele o homem vai criando sub raças numa raça única.Sem ele não há tolerância a diferenças e muito menos convivência ou adequação num lugar novo,com gente nova.Se todos encarassem que pertencem ao mundo e a todas as coisas que fazem parte dele,o homem seria do todo e o universo seria de fato universal.

P.S.: a foto é de Maria Montessori,a mesma que olho na rampa da minha escola,mas imaginando estar bem longe dali.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Para sempre jovem


Não costumo concordar quando dizem que o tempo está passando rápido,geralmente agradeço já que estou sempre à espera de algo - viagem nas férias,evento no próximo mês,sair da escola- quanto mais próximo do futuro,melhor.Mas então,os mais velhos me atormentam com suas constatações sobre o envelhecimento e exaltação da juventude (a mocidade só ocorre uma vez,como disse Oscar Wilde).As preocupações dos mais velhos em recuperar um pouco da vida jovem nada convêm com as neuroses que eles mesmos impõem aos jovens.Nunca se estuda suficientemente,o esforço é pouco,a concorrência está sempre à frente e nesse ritmo não se chega a lugar nenhum - e assim se espera que aproveitemos o poder e a beleza da juventude.

Quase não sinto pena de Sócrates quando ele foi acusado de corromper a juventude.Há quem vai se tornar jovem só depois de passar no vestibular,há jovens que se enganam com o prazer da juventude,que não são drogas nem bebidas e há os que estão em busca desse tal prazer,desse privilégio jovial.

Mas como sinto pena destes "jovens" que se ocupam só com o trabalho,que é uma visão errada do famoso "primeiro as obrigações,depois a diversão".A verdade é que não se pode liberar demais - a nova geração é um bom exemplo daquilo que podia não dar certo e acabou dando pessimamente errado - e muito menos pressionar demais.Mas a essência da juventude talvez seja essa,resumida em extremos - ou se valoriza somente o trabalho,ou se glorifica somente os prazeres- equilíbrio para quê?

A minha juventude tem horários,dias e ocasiões.É bem cronometrada,mas o que eu queria mesmo era ser jovem para sempre,não jovem para o resto da vida - porque me agrada o sossego e serenidade dos idosos- mas inteiramente jovem enquanto sou jovem,jovem em todos os momentos da minha juventude.Como me aborrece sonhar com geometria molecular,gastar meus finais de semanas estudando e ainda assim ouvir que eu estou muito "festeira".

Mas ainda bem que existem as férias,para os jovens que,como eu,não foram exatamente jovens durante um semestre de estudos,e para os jovens que foram jovens o tempo em que deviam estar mais amadurecidos se amadurecerem (que maldade).O poder e a beleza da juventude se dão estritamente pela sua efemeridade e espontaneidade - o que se torna ambição de muitos,mas é inalcançável,pois só ocorre uma vez.