sábado, 5 de março de 2011

Vícios e virtudes


Agora é assim: comida processada,música grudenta,facilidades,rapidez,conforme o gosto do cliente.As preferências foram tão bem exploradas que acabaram se tornando dependência.É horrível pensar que até nas mínimas coisas que consumo existe todo um processo para me tornar cada vez mais apegada ao produto,dependente de algo que,se eu parasse para pensar,não preciso.

Filmes abordando sempre a mesma temática,músicas com refrões que "não saem da cabeça", e comida cheia de óleo,gorduras,obedecendo ao paladar comum.Cansa essa coisa repetitiva e igual,mas que se tornam tão presentes que acabamos confundindo com necessidade.

Quem não consegue se livrar de vícios do tipo cigarro e bebida,ao invés de se perguntar se quer aquilo,deveria se perguntar se PRECISA.Não só esses,mas vícios em geral.Eu não preciso tomar refrigerante,se eu posso beber suco.Comer é uma arte e deve haver um equilíbrio tanto na comida,quanto na quantidade.Em relação ao vício da bebida,quem o tem tende a negar que possui um certo "compromisso" de beber e não percebe que a cerveja,por exemplo,se tornou essencial em aniversários de família (muitas vezes importa mais que o aniversariante),na sexta,no sábado,no domingo e em comemorações,lamentações,por qualquer motivo.Estão quase extintos homens de meia idade sem aquela famosa barriga de chopp.Honestamente,quanta bobagem.

O que me frusta ainda mais e que me faz ver que o mundo é tão feio e cheios de casos perdidos,é adolescentes bebendo,fumando e provocando vícios,não diria desnecessários,porque todo vício o é,mas numa burrice tremenda,meio que contagiante.Questiono o que eu como,o que eu vejo,o que escuto e tudo.Todos temos o modo "piloto automático" dentro de nós,o problema é usá-lo todos os dias.Essa minha geração,que é diariamente criticada pela geração passada,é realmente uma decepção,cheia de diversos vícios,mas que adquiriu isso de pessoas que lhe ensinaram a aceitar o que lhe oferecem,uma visão errada do que é aproveitar as oportunidades.De um mundo que cobra o que não dá,que não admite falhas de pessoas sem base.E nesse desapontamento com a vida,caímos no vício de nos viciar cada vez mais e compensar com coisas tolas nossos constantes fracassos.

Sei que devo aproveitar o bom da vida,mas desconfio que esse "bom" não se trata de substâncias muito bem preparadas para me fazer de boba e dependente,de me proporcionar um falso prazer.O bom da vida vai bem além disso e não pode ser comprado em qualquer boteco.O valor dele está muito mais relacionado ao esforço do que ao ato de obtê-lo.E sei que,apesar de conhecer a dimensão do seu poder,eu não PRECISO dele.


"Às vezes faço o que quero,às vezes faço o que tenho que fazer".Charlie Brown Jr.,Vícios e virtudes

P.S.: Mc Donald's: vício da população com maior número de obesos e de alguns estudantes de determinada escola,depois da prova de sábado,às 8 da manhã,ou em dias de aula de basquete,em qualquer horário.Afirmam que sem o cheeseburguer a semana não flui direito.

3 comentários:

Milena M. disse...

Ai, esses seus posts me dão uma alegria danada, não me sinto tão sozinha nesse mundo.
A cada dia, eu sinto mais que estamos caminhando pra uma alienação total e irreversível. Decidem o que comemos, o que ouvimos, o que lemos, os nossos valores, tudo. E não percebemos o quanto somos manipulados, e não admitimos que consumimos certas coisas por puro automatismo.
Esse ano parei de beber refrigerante, porque essa droga acaba com a saúde, com o corpo e ainda por cima manda seu dinheiro pra grandes empresas milionárias. Junto com meu irmão, evito ao máximo o McDonald's, que devia ser extinto da face da Terra por todo esse lixo que chamam de comida e todo a sujeira por baixo do tapete. Somos nós que temos que remar contra a correnteza.
:*

Gabriela P. disse...

"Mas virá o dia em que
A verdade vai surgir
Nem alegria e nem tristeza
Será o dia do alívio"

Me lembrou muito. :)

Bill Falcão disse...

Questão muitíssimo bem analisada. E por uma garota que, se não me engano, tem apenas 14 anos. Mas uma cabeça muito boa.
Bjoo!!